Sofia Ramos

Na primeira montagem de "unidade de medida" recolhi pelas feiras do bairro da Glória, no Rio de Janeiro, diversas caixas de papelão usadas para o transporte de frutas e outras mercadorias de venda. As caixas iam comigo até o ateliê, na Residência Oriente, onde, em sua superfície, era aplicada camadas de tinta acrílica criando uma gradação de cores que passaram a variar conforme cada montagem do espaço.

O formato da caixa, uma unidade de medida para o transporte de mercadorias, acabou se perdendo ao se dissolver pelas dobraduras em suas superfícies, contrariando a padronização da vida e dos corpos sociais. O ato de empilhar as caixas, seja em formato de uma torres altas que buscam se precipitar em algum momento, ou no formato de uma maquete da cidade em que você desloca seu corpo e cria seus espaços, colabora para a dimensão da brincadeira e do jogo dentro da instalação. O excesso de mercadorias, nesse caso as caixas de papelão, criam torres que tombam sobre os corpos que se dispersam pelo espaço; já nas maquetes, cria a possibilidade de dimensionar as cidades pelos seus excessos.